Tivemos que aguardar até as 10:00hs para que as lojas estivessem abertas.
Nosso anjo da guarda de Lima, Sr. Armando já estava cedo no hotel para
acompanhar a manobra de compra e troca do pneu da Tereza.
Comprei o pneu original em uma loja da Honda a duas quadras do hotel,
paguei metade do preço do Brasil, US$ 89,00.
Montamos em uma loja oficina de propriedade do piloto campeão de
motovelocidade do Peru, Sr Ricardo Rivera.
Às 12:00hs estávamos prontos para partir, com a escolta do Sr. Armando,
com sua caminhonete vamos enfrentar o trânsito de Lima.
Demoramos 1 hora pra chegar à rodovia, despedida emocionada de um
grande amigo que deixamos em Lima e que por telefone nos acompanhou até o fim
da viajem, Grande Armando.
Nossa programação original era de chegar à Trujillo a 549Km de Lima,
mas com o tempo que perdemos, decidimos ir até onde a luz do dia permitisse.
O ambiente que acompanha a estrada neste trecho é árido com muito vento
e areia, além de muito trânsito de caminhões.
Chegamos à Praia de Tortuga em Casma, um local de piratas no passado,
agora uma linda instância turística.
O cansaço, ansiedade de chegar a uma boa hospedagem e um belo pôr do sol no Pacífico formularam a condição perfeita para um acidente.
O cachorro e a Tereza ficaram bem, mas meu pé doía muito, não conseguia
me levantar e apoiar o pé no chão.
Meus companheiros de viajem rapidamente me socorreram e levantaram a
moto, mas minha sensação era de desmaio, a dor e nervosismo me deu ânsia de vômito
e falte de ar. Tive que ficar alguns minutos deitado no chão para que este
mal-estar passasse.
A dor que sentia, indicava que a viajem acabara ali pra mim.Consegui chegar ao hotel ainda pilotando a Tereza, conseguiram gelo e tomei um remédio para dor, aliviou um pouco.
Todos estávamos varados de fome, eu não conseguia sair dali, pois a
pousada era cheia de escadas. Pedi de me trazer alguma coisa para comer.
Fotografei o pé para acompanhar a evolução de inchaço nas próximas
horas.
Comecei a pensar nas possibilidades. Achar um transporte para a Tereza até Lima e retornar a Sampa de avião e voltar quando o pé ficasse bom. Mas a dor falou mais alto, ou doeu muito mesmo, tinha que procurar atendimento médico.
Liguei para o seguro que contratei antes de iniciar a viajem, passei
todos os dados e eles me pediram para esperar um retorno. Liguei pra o Armando
em Lima, que falou para não me preocupar que ele enviaria socorro através da
Policia de Carreteiras da região.
Em pouco tempo dois policiais me procuravam na pousada, tinha ordens de me levar a uma clínica médica em Chimpote, próximo uns 40 km dali.
Fui prontamente atendido por um clínico geral que depois de uma
radiografia concluiu que está tudo bem e que eu poderia seguir viajem sem
maiores problemas, fui medicado e levei uma receita para comprar
anti-inflamatórios e analgésicos.
10 dias depois quando cheguei em São Paulo, através de uma tomografia,
descobri que tinha três pequenas fraturas que a radiografia não detectou. Mas isso
é outra história.
Meus amigos policiais me levaram de volta à Pousada em Tortuga, por
telefone informei e agradeci novamente o apoio que recebi do Armando.
Até aquele momento, esta queda de moto tinha produzido apenas dor,
inchaço e um grande susto, mas foi decisivo na programação futura para chegar
ao Alaska.